Separados, mas conectados

Pandemia….e agora?

No final do post anterior, após o primeiro mês de ensaios, fomos impedidos de continuar trabalhando presencialmente por causa da pandemia. Após o impacto inicial, percebendo que o período de afastamento não seria tão curto como imaginávamos no início, começamos a pensar em como dar continuidade ao trabalho.

Denise da Luz sugeriu que fazermos alguns encontros virtuais para leitura e discussão de materiais teóricos que pudessem nos auxiliar, de alguma forma, na orientação de buscas para ampliar nosso repertório.

O primeiro material que lemos e discutimos foi o livro Pós-Produção: Como a Arte Reprograma o Mundo Contemporâneo (clique para acessar), de Nicolas Borriaud.

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O livro é um prolongamento e complemento de Estética Relacional, outra obra de Nicolas. Seu título, um termo técnico usado no mundo da TV, do cinema e do vídeo, designa o conjunto de tratamentos dados a um material registrado: montagem, acréscimo de outras fontes visuais ou sonoras, legendas, vozes off, efeitos especiais, etc.

Pós-produção nos ajuda a entender e interpretar as novas manifestações artísticas em nossa época abordando as relações entre a cultura, em geral, e a obra, em particular. Pensar a obra de arte dentro de uma rede de signos e significações, em vez de considerá-la como forma autônoma ou original. O ponto de partida da obra é o espaço mental mutante que a internet – ferramenta central da era da informação – abriu para o pensamento, apreendendo as formas de saber que o gera. Assim, é possível orientar-se no caos cultural em que estamos mergulhados, deduzindo a partir dele novos modos de produção.

Seguindo nossos encontros, a segunda leitura em tempos reclusos foi O Riso (clique para acessar), de Henri Bergson (1859 – 1941).

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O livro reúne três artigos escritos pelo filósofo francês Henri Bergson em 1899 para a Revue de Paris, reunidos em livro no ano seguinte. Nestes três textos, o autor busca elucidar o significado do cômico e o que está por trás do riso como fenômeno social. As formas desajeitadas, os desvios de padrão e o feio são alguns dos motivadores do riso. Decorre daí a hipótese de Bergson de que o cômico depende de certa insensibilidade humana, uma exigência de que o outro se encaixe em padrões sociais. O pensamento original e incisivo de Bergson, neste e em outros ensaios, o tornou um dos mais influentes filósofos modernos, com ideias que impactam a intelectualidade até hoje.

Ao mesmo tempo, observa que não existe humor fora daquilo que é propriamente humano. Uma paisagem, diz ele, não pode ser cômica, mas apenas “bela, sublime, insignificante ou feia”. Os animais só nos parecem engraçados quando atribuímos a eles algum tipo de atitude ou característica humana. Mais do que a única espécie que ri, diz Bergson, somos a única espécie que faz rir.

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Projeto Montagem de Espetáculo Infanto-Juvenil
Proponente: Denise da Luz MEI

Ficha Técnica
Direção e dramaturgia: Max Reinert
Atuação: Denise da Luz, Sabrina Francez e Matheus Groszewica
Músico em cena: Leonam Nagel
Ambientação sonora: Hedra Rockenbach
Figurinos: Denise da Luz
Designer gráfico: Daniel Olivetto
Assessoria de imprensa: Camila Gonçalves
Produção: Téspis Cia. de Teatro

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