Práticas online!

No final do primeiro mês de quarentena, percebemos (ou caímos em si) de que seria necessário começar a trabalhar mais sistematicamente sobre o processo de criação.

Foi um processo de conscientização, tanto por questões econômicas, quanto por questões psicológicas. Econômicas porque começamos a nos dar conta do tempo que o isolamento iria nos tirar. Não seria possível aguardar até o final desse momento para iniciar o trabalho de montagem que havíamos previsto realizar. E psicológicas porque, para um grupo como o nosso, acostumado a estar sempre em sala de ensaio, sempre com o público, sempre em contato com a produção de materiais, essa parada forçada estava criando sensações extremamente desconfortáveis de inércia.

Compreendemos a função e a riqueza do ócio criativo. Sabemos da necessidade de parar e olhar para o mundo, inclusive para alimentar nossa criação como artistas, mas a “obrigação da parada” estava alimentando alguns gatilhos indesejáveis.

Dessa forma, decidimos começar a criar alguns materiais individuais, em nossas casas e utilizá-los para seguir discutindo questões técnicas e estéticas que orientarão no processo offline, quando chegar a hora.

Um dos primeiros exercícios que fizemos foi a criação de personagens. Estes personagens deveriam dialogar com a ideia inicial da montagem, cujo tema é o “papel”. O papel como principal matéria prima, enquanto linguagem e metáforas possíveis com esse elemento:
· O “papel em branco”, signo de algo novo que pode ser preenchido.
· O “papel reciclado”, algo que pode ser utilizado e reutilizado, que se renova sempre e se transforma sempre.
· O “papel / personagem”, que é sempre um novo posicionamento dos atores a partir dos novos elementos em cena.
· O “papelão”, o erro, as coisas embaraçosas que cometemos.
· O “papel obrigação”, as ações pelas quais somos responsáveis.  

Os atores criavam materiais e nós assistíamos suas criações através de vídeo conferência ou através de gravações de celular.

Neste primeiro momento não foi solicitado a criação de cenas. Nosso desejo inicial era criar as figuras / personagens e descobrir comportamentos, ritmos, soluções e possibilidades de jogo.

Estas foram algumas das respostas às quais os atores chegaram a partir dessa provocação:

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Projeto Montagem de Espetáculo Infanto-Juvenil
Proponente: Denise da Luz MEI

Ficha Técnica
Direção e dramaturgia: Max Reinert
Atuação: Denise da Luz, Sabrina Francez e Matheus Groszewica
Músico em cena: Leonam Nagel
Ambientação sonora: Hedra Rockenbach
Figurinos: Denise da Luz
Designer gráfico: Daniel Olivetto
Assessoria de imprensa: Camila Gonçalves
Produção: Téspis Cia. de Teatro

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