Passou um tempo desde nosso último post aqui no Diário de Criação, mas é por um bom motivo!
Desde que iniciamos o processo de construção do nosso novo espetáculo para crianças, muitas coisas aconteceram com o mundo e conosco. Nós já estamos contando um pouco dessa história aqui nos outros posts. Desde o início da pandemia, nos concentramos no estudo e na produção remota deste trabalho que deverá estrear ainda no ano de 2020.
No meio dessa loucura que se tornou nossa vida, buscando reaprender como realizar uma criação sem a presença do “outro” na sala de ensaio, recebemos o convite de Andrea Rosa, em nome do FESTINFANTE – Festival de Teatro e Artes Integradas para Infância, para produzirmos um material inédito para integrar a programação deste ano, numa versão totalmente online.
Começamos então a criar um trabalho que estava relacionado com as pesquisas que já estávamos realizando, buscando encontrar uma linguagem que pudesse se comunicar com a criançada através da telinha do computador, celular ou TV.
Seguindo uma dinâmica com a qual já estávamos começando a nos acostumar, definimos quais bonecos iríamos usar nesta experiência e partimos para definir quais os “cenários” nas casas dos manipuladores serviriam para nossas improvisações. Os atores e atrizes fizeram fotos e fomos trocando informações, experimentando ângulos dos enquadramentos e realizando em conjunto uma direção de arte para o vídeo.
Definidos os “quadros”, os/as atores-atrizes / manipuladores-manipuladoras partiram para improvisar as cenas e levantar alguns materiais que serviriam para definirmos a dramaturgia que terminaríamos de construir em conjunto.
Improvisa, ensaia, escolhe as ações e grava!
Os/as participantes então, após improvisar e definir suas cenas, gravaram as mesmas em vídeo. A câmera parada é uma opção estética, mas também uma opção ética em manter-se em isolamento social, uma vez que cada ator manipulador realiza essas tarefas sozinho. Após a gravação, nos reunimos em videoconferência para ver e discutir quais as modificações deveriam ser feitas e qual sequência de cenas seria mais apropriada para contarmos uma pequena história.
Quadros redefinidos, improvisações reajustadas, cenas regravadas e partimos então para a edição. Leonam Nagel (um dos atores manipuladores) tem sido nosso editor oficial. Com o material em mãos, ele faz o que chamamos de “primeiro corte” e então temos uma ideia da história inteira e do ritmo que vamos utilizar.
No caso de Pa Pe Lê – uma aventura de papel, o processo de construção foi bastante tranquilo, até chegar às cenas finais. A ideia inicial simplesmente não funcionou no vídeo. Não deu o tom que gostaríamos de transmitir e não agradou ao grupo. Mas o prazo para entregar o material estava chegando, então: Corre!!!
Optamos por desistir de uma cena inteira – que estava prontinha, mas oferecia uma leitura que não nos agradou – e também regravar algumas partes novas, chegando, desta forma, ao material que foi apresentado nesta versão do Festinfante online.
Ficamos bastante felizes com a repercussão que o trabalho recebeu e também com a relação com as crianças menores que, como de costume, assistem vezes seguidas nossa cena, segundo relatos.
Uma das coisas mais legais sobre este trabalho foi que ele acabou acontecendo de maneira muito orgânica, como acúmulo do desenvolvimento dos trabalhos de pesquisa iniciados antes da pandemia e aprofundamento da relação dos atores manipuladores com a linguagem do teatro de animação.
Percebemos que o grupo já oferecia respostas mais concretas e conscientes sobre o material que optamos por construir, desenvolvendo, dessa forma, uma consciência técnica sobre a linguagem e sobre a construção espetacular, abrindo assim, novos horizontes de perguntas e realizações.
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Projeto Montagem de Espetáculo Infanto-Juvenil
Proponente: Denise da Luz MEI
Ficha Técnica
Direção e dramaturgia: Max Reinert
Atuação: Denise da Luz, Sabrina Francez e Matheus Groszewica
Músico em cena: Leonam Nagel
Ambientação sonora: Hedra Rockenbach
Figurinos: Denise da Luz
Designer gráfico: Daniel Olivetto
Assessoria de imprensa: Camila Gonçalves
Produção: Téspis Cia. de Teatro
