Apresentação online para comemorar 10 anos de Inventário

Comemorando 10 anos da estreia do espetáculo “Pequeno Inventário de Impropriedades“, Max Reinert realiza apresentação de experimento cênico online

Max Reinert em cena da versão presencial do espetáculo – foto by Nubia Abe

Em abril de 2010, um exercício de escrita de 2 anos realizado em blogs e no Núcleo de Dramaturgia do SESI PR, estreava no palco do Teatro da Ubro, em Florianópolis. O espetáculo “Pequeno Inventário de Impropriedades“, escrito e atuado por Max Reinert e com direção de Denise da Luz, iniciava ali uma trajetória de longa duração que levaria o grupo a passar por uma enorme quantidade de cidades e apresentações no Brasil.

Durante sua trajetória, o espetáculo passou por mais de 15 festivais nacionais de teatro, recebendo vários prêmios, inclusive de melhor texto original e participou também do EmCena Catarina, evento produzido pelo SESC que levou o espetáculo para 25 cidades do estado.

Para comemorar 10 anos de estreia, a Téspis realiza em 19 de setembro – sábado, às 20h, em seu canal do youtube, uma apresentação online de um experimento cênico criado a partir do espetáculo original, porém, adaptado para esse novo momento. A apresentação é patrocinada através do edital de eventos culturais comunitários da Prefeitura de Itajaí / Fundação Cultural de Itajaí e conta ainda com o apoio da Procave Empreendimentos.

foto by Aline de Góes

No espetáculo, um homem vive dentro de um cotidiano previsível e repetitivo até que um acontecimento muda o rumo de sua vida. Saindo de uma vida ordinária, ele descobre o poder da violência latente dos dias em que vivemos. Ficção e realidade se misturam até não conseguirmos distinguir onde uma começa e a outra termina.

O trabalho é resultado de uma busca do autor em desenvolver três temas que sempre lhe interessam em seus escritos: a violência como força atuante na sociedade; a esquizofrenia como linguagem; a construção de narrativas não lineares.

O crítico Rodrigo Monteiro, comentou sobre o espetáculo durante sua passagem pelo Porto Alegre em Cena, “a literatura contemporânea tem duas marcas que podem ser consideradas definitivas: a hipertextualidade e a polissemia. Pequeno inventário de Impropriedades parece redescobrir a poesia modernista, com versos livres e estrutura solta, e, ao investir no traço polissêmico, acaba fornecendo um material bastante nobre para o teatro pós-dramático ou contemporâneo. Dirigido por Denise da Luz, o espetáculo resulta numa grata surpresa desse final de programação do 18º Porto Alegre em Cena. Reinert, em 45 minutos, leva a cabo o espetáculo de uma forma bastante rica em possibilidades, essa uma característica fundamental para o gênero na qual a produção se insere“.

Já o crítico Marco Vasques, fez a seguinte leitura: “Que tal você acordar um dia e perceber que sua vida é amorfa, que você não tem muito motivo para estar no mundo, que as pessoas não se importam com suas dores e que você só é um “ser economicamente viável”. E perceber que vivemos numa moenda insana e somos a roda da máquina de produzir nulidades. E assim a vida escorrega pelas mãos. Contudo você percebe que pode e deve ir além e então resolve ter personalidade, ser autêntico e fazer da sua existência algo mais que comer, beber, falar umas bobagens e dormir até envelhecer e morrer. E é obvio que esta opção tem um preço, um alto preço.
O espetáculo Pequeno Inventário de Impropriedades, escrito e interpretado pelo ator Max Reinert, nos coloca na posição fronteiriça entre seguir ou não-seguir às exigências diárias, entre aceitar ou banir a pasteurização completa da vida e, sobretudo, nos coloca face a face com o próprio ato de existir. O que está em questão é sim a existência e o seu sentido ou seu não-sentido.

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